O "estar em amor" sem saber o amor

Não desperte o amor, antes que ele o queira (Ct 8.4)

A palavra namorar tem sua origem na língua espanhola do termo “estar en amor”. Dele formou-se o verbo enamorar e daí o namoro. Assim, quando falamos em namorar a ideia é “estar em amor”, vivendo sob o amor.

Independe da idade ou do interesse, o tema envolve a todos que desejam conhecer a realidade ética que subsiste nas relações entre as pesssoas. 

Assim, “Estar em amor” deve ser analisado, antecipando-lhe a considerável diferença existente entre sua concepção na vida secular e sob a ética de Cristo. 

Para esta publicação faço uma abordagem da ideia do termo e sua prática presente no mundo em que vivemos, sempre através das Escrituras.

Devo iniciar tomando o que o próprio mundo entende por estar em amor, sim, ilustram-no com o termo “test-drive”. Verdade, “estar em amor”, segundo o mundo, é tempo das experimentações, do pouco compromisso e da intensa busca por prazer… maximizar as vantagens e experiências oferecidas pelo “amor”. 
Assim, “estar em amor” é viver o prazer e, quanto maior o número de experiências, mais chances há de “acertar”. Essa enganosa compreensão metamorfoseou o “amor”, e ele, não por conceito, natureza ou propósito, mas pela degradação moral que se abate sobre a humanidade, perdeu sua ética e passou a expressar o prazer sexual. Suas virtudes constitucionais foram abandonandas completamente. Nada há de compartilhamento, de solidarieade, gratidão, companheirismo ou respeito entre os amantes.  

Nenhuma dignidade há no presente amor, senão o prazer e usufruto!
Essa concepção permitiu e substituiu amor pelo prazer e, consequentemente, a liberdade pela irresponsabilidade. E a dor, as partidas, as consequências são colocadas sob a tapete da busca da felicidade… que nunca vem. 

E o mantra da desilusão e deseperança tem sentido em meio a essa geração que se perdeu na busca apenas de si: “tudo vale a pena, se a alma não é pequena”. 

A própria estupidez é legitimada: “amar como se não houvesse amanhã”!
Sendo amor um test drive, a mentira e a indolência anularam a diferença entre sucesso e fracasso. Pois, tudo ou nada vale a pena, e sempre haverá um próximo test drive a ser feito.
Esse “estar em amor”, sem moral, é regido por um exíguo prazo de validade, até que o prazer – as vantagens – acabe. 

O amor desse “namorar” é, na verdade, a expressão do egoísmo e da falta de amor, Narciso exagerou, e voltou-se para seu próprio umbigo.
E essa geração de homens e mulheres sem caráter, tem perdido a percepção que seu “amor” tornam a si mesmos e as seus “amados” descartáveis, e com ele a própria vida é descartável. 

Enquanto não conhecerem o verdadeiro Senhor do amor continuarão iludidos vivendo apenas nutrido e orientados por sua deseperança. 

Judas é seu pastor e nada lhes faltará.

Um leitor das Escrituras  perceberá a semelhança que há entre os passos dados e a disposição mental que guiou Judas, aquele que traiu o Senhor, e a vida dos líderes apóstatas – os papistas, fabios, malafaias, renês, jabes, santiagos, valnices, brants, macedos, soares, rodovalhos, valadãos e muitos outros.

Recorro a apenas alguns textos das Escrituras para encontrar a descrição, quase sumária, dos caminhos e privilégios experimentados por Judas, aquele que traiu o Senhor, e compará-los aos senhores da apostasia.

Mateus, assim inicia o cap. 10:
“E, chamando os seus doze discípulos, deu-lhes poder sobre os espíritos imundos, para os expulsarem, e para curarem toda a enfermidade e todo o mal.” (v.1)

Percebe-se, da parte do Senhor, dedicada honraria para com os doze, e mais: “seus doze”. Judas, pertence ao Senhor e com benignidade foi chamado para desfrutar da intimidade do Altíssimo.  

Já no v. 4, ao se referir a Judas diz assim: “e Judas Iscariotes, aquele que o traiu”. A marca de seu relacionamento com Cristo, um aposto, a repercutir por toda a eternidade: “Aquele que traiu o Senhor”.

Como poderia em um intervalo tão pequeno nas Escrituras chegar-se a uma posição tão distante que começara pelo Senhor?

A honraria pessoal do Apostolado estava completamente acima da santidade exigida. Estar com o Senhor sem obter vantagens pessoais representava pouco para aquele que traiu o Senhor. Como os apóstatas não há dignidade do ministério da Palavra, desejam apenas os ganhos e a exaltação pessoal. Ignoram a Palavra do Senhor que os adverte: “homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho” (1 Tm 6.5).
Quantas horas e quantas palavras foram dedicadas pelo Senhor para instruir e advertir àqueles homens que o acompanhavam. E Judas, aquele que traiu o Senhor, estava junto a eles e a tudo ouvia.

Ouviu o Senhor explicar-lhes as parábolas: “Falo assim para que os de fora mesmo vendo, não percebam; ouvindo, não entendam e assim não se convertam”.  Não compreender as palavras do Senhor não lhe causava aflição, pois sua soberba e ganância o poupavam da gravidade do fato.

“Os de fora mesmo vendo, não percebem, mesmo ouvindo, não entendam e assim não se convertam”. Não ver, não entender e não se converter não causam nenhum temor ou tremor a esses homens!

Os discursos de amor sobre a Parábola do Semeador, sobre o risco da fascinação das riquezas, a implicação tão clara que por ela viria o abandono ao Senhor. Quão próximo esteve Judas dessas verdades! Mas, como anelava a fascinação das riquezas! As glórias do mundo!

O relato da tentação do Senhor, não fazia com que seu coração tremesse?

Multidões já percorreram o caminho de Judas e muitos sorriem e confortáveis com as vantagens oferecidas no deserto da Judeia. 

Presenciar a multiplicação dos peixes, a maravilha da multidão faminta fartar-se, e ainda sobejar. Na visão de Judas tais coisas desvaneciam, não lhe traziam vantagens permanentes. Poderia contemplar a multiplicação de peixes sob a ótica do sermão do monte e compreender a verdadeira sede de justiça. Quanta incapacidade, quanta desesperança havia em Judas, quão perto esteve!


Quanta sede de fartura pessoal, busca por honrarias de homens, são os Judas de nossos dias! Aqueles mesmos sentimentos desfilam diante de nós em outras faces, mas nos mesmos corações e mentes.

“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;” (Mt 5:6). Quanta ansiedade pelos prazeres transitórios do pecado, para abrir mão das promessas de Deus!
O Senhor o ensinou: “Judas, se fores rejeitado por falares a verdade, adverte-os sobre o juízo, diz-lhes que haverá menor rigor para Sodoma e Gomorra”. Esta frase ainda hoje ecoa na mente, agora perturbada e desesperada do traidor do Senhor.

Quais as palavras que perturbarão por toda a eternidade esses homens da apostasia?
Judas, aquele que traiu o Senhor, era responsável pelas economias do dono de todo universo; comprava as provisões, assistia aos pobres em nome de Jesus. Em sua mente doentia, não havia nisto glória alguma. Compartilhar com o Senhor a riqueza que a Ele pertence, não atendia aos interesses de Judas, nem desses homens. Assim, como Judas, a ambição desses não tem limites. De que vale o homem ganhar o mundo inteiro e perder sua alma? É preciso rasgar a Palavra… e aí vão eles.

Quando Maria de Betânia lançou-se aos pés de Jesus, Judas, por não suportar o testemunho de santidade e submissão aos desígnios de Deus, empreende seu golpe final.  A incapacidade de compreender os valores espirituais da vida com Cristo é determinante para sua decisão. A frase do Senhor, reprovando-o: “Deixai-a, não a molesteis. Ela fez boa obra, e isso lhe será creditado a ela por toda eternidade”. Confirmou em seu coração a impossibilidade de viver sob a palavra de Cristo. Mal sabia Judas que outra eternidade estava-lhe reservada.

O conflito da vida dúbia, o conflito entre a verdade própria e a Palavra do Senhor estava resolvido. Naquele momento Judas, o traidor, afastou-se, seguiu seu caminho apóstata. Atendeu seu coração, saiu para fazer comércio, para vender o Senhor, alegrar-se com ímpios (Mc 14.10-11). A leveza de seu coração revelou toda a impiedade e determinação de fazer sua própria história. Assim começou a vida desses homens da apostasia: incapacidade de aceitar as boas obras, e não se submeterem às exortações da palavra de Nosso Deus. Cristo transformou-se apenas no meio para se chegar a trinta moedas de prata.

Iniciou-se um novo momento, uma nova liberdade, novo propósito. Livre das palavras do Senhor, mas usando-O, suas ambições, seus projetos de reconhecimento, de honrarias seculares, isso sim, fazia-lhe sentido.

Deixou para trás a honraria da santidade, os ensinos, a esperança Cristo. Definitivamente rompeu com a Palavra de Cristo, seguiu seus ideais, seu coração. 

E, finalmente, João relata (cap. 13):
“E, após o bocado, entrou nele Satanás. Disse, pois, Jesus: O que fazes, faze-o depressa”.
O Senhor o deixou sob o desígnio do próprio coração, sob o espírito que atua nos filhos da desobediência. No verso 30, Judas, ainda se aproveita dos seus últimos momentos junto com o Senhor para satisfazer sua carne, “assim que comeu seu bocado e saiu”. E encerra o texto dizendo: Era noite.

Olho em minha volta e vejo aquele que traiu nosso Deus em canais de Tv, nos escândalos, nas propinas e orações, nas vergonhas.

Mateus descreve o prólogo da morte: Judas reconhece seu erro, chora, mas era tarde demais. Lemos no Livro de Atos que aquele que traiu o Senhor foi para seu próprio lugar.

Pergunto: Haverá tempo para arrependimento? Clamar ao Senhor e reconhecer o mal que fazem? Pedir perdão pela multidão de miseráveis que mandam para trevas?

Que aposto esses homens terão por toda eternidade?  Os fiéis de Judas? Aquele que traiu o Senhor.

Que Deus tenha misericórdia dessas almas.

Só tu és Deus. A tua bondade e misericórdia duram para sempre, e por causa delas não somos consumidos, Senhor.

A Ele honra, louvor e glória de eternidade a eternidade.

A astúcia de satanás em Lucas 16 – Lázaro e o rico

Após a visita a alguns sites, percebi que o conteúdo do texto (Lc 16.19-31) estava sendo apresentado de forma a negar ou fatiar o ensino ali presente. Utiliza-se de um sofisma perigoso na “oferta” das palavras que o Senhor tinha em mente quando as citou.
Há uma discussão sobre se parábola ou não, e colocam isso acima do conteúdo presente no texto.

Alguns utilizando do conceito perícope garantem ser uma parábola. Dando ao “delimitador da perícope” a autoridade divina de estabelecer que o texto é. Se o ‘delimitador” colocou o texto em meio ao grupo das parábolas, parábola é. Com isso, acreditam, “garantem a exclusividade” a respeito do conteúdo e propósito das palavras do Senhor. Retirando de lá o que lhes interessa e o restante passa a ser desnecessário ou fora de propósito – antibíblico.
Há um grande esforço para não aceitarem o que é dito no texto. A tentativa é de afirmar que não há consciência após a morte ou garantir que não há punição eterna. Deixam de lado a literalidade do texto, para evitar incômodos doutrinários. Ou seja, forjam as Escrituras para encontrar aquilo que a mente e o coração “anelam”. Buscam um “princípio” que subjaz ao texto para dar sentido ao texto. Reconheço que tais abordagens são lícitas, mas para usá-las devemos descartar qualquer possibilidade de literalidade do texto.
Parábola ou não, a proposta é negar a existência de vida – e sofrimento – consciente após a morte. Alguns defensores acreditam que atribuindo ao texto o caráter de  parábola, equivocadamente, excluem do texto QUALQUER possibilidade de ensino sobre o tema.
A seguir alguns argumentos apresentados por pessoas que visam garantir a impossibilidade do texto ensinar sobre vida consciente após a morte.
O Céu e o inferno se encontram suficientemente próximospara permitir uma conversa entre os habitantes de ambos os lugares (versos 23-31).
O texto não fala sobre céu e inferno. E sim, sobre um local para onde vão os mortos. Quanto a distancia, nada se pode afirmar em contrário. Pois, não temos outras informações que contradigam essa interpretação.
É preciso acreditar também na vida após a morte, enquanto o corpo jaz na sepultura, continua existindo de forma consciente uma espécie de alma espiritual que possui “olhos”, “dedo” e “língua”, e que inclusive sentir sede (vv 23 e 24).
Sim, devemos acreditar que há vida consciente entre a morte e a ressurreição – estado intermediário. Moisés e Elias estiveram com o Senhor. E é muito provável que Samuel tenha estado com Saul. O apóstolo Paulo em Fp 1:22-23 diz: “Mas, se o viver na carne me der fruto da minha obra, não sei então o que deva escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir, e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor”. Percebem que o “viver na carne” é um paralelo de estar com Cristo… que é ainda melhor”. Não faz sentido estar com Cristo “dormindo, inconsciente” ser melhor. E ainda em 2 Co 5.8 sobre a confiança de deixar o corpo e “habitar” com o Senhor.
         
O Céu certamente não seria um lugar de alegria e de felicidade, pois os salvos poderiam acompanhar de perto os infindáveis sofrimentos de seus entes queridos que se perderam e até mesmo dialogar com eles (versos 23-31). 
Esse é um pressuposto infantil e, novamente os defensores “colocam” o céu no texto sem que ele esteja lá. Ademais, desdenham de Deus (Lc 18.27). Na ressurreição, quando no céu estivermos, vendo ou não nossos amados que partiram sem Cristo, lembraremos deles. E Deus É QUEM GARANTE que lá não haverá choro, nem morte, estando perto ou não das pessoas que amamos e rejeitaram nosso Salvador.
Os fatos descritos na passagem são deixados de lado: vida, escolhas, morte, sepultamento, juízo, dor, chamas, verdade. E oferecem a exclusividade de uma mensagem para judeus ricos, pois, esses depositavam sua confiança no dinheiro – que está de acordo com outras passagens das Escrituras. Não nego tal possibilidade, rejeito, entretanto, sua exclusividade. E, principalmente, por recorrer a argumentos tão pobres para refutar os demais ensinos da passagem.

Se o Senhor desejasse apenas ensinar a respeito do perigo das riquezas, poderia ter encerrado sua mensagem no v. 23 com o seguinte texto: “mas no hades estava em tormentos”.  
Outra questão é que há no texto um fato a ser considerado: Se o “Abraão” é o personagem bíblico, conforme tudo indica (v. 24). Há uma historicidade inegável. Quando falo da historicidade, falo de espaço e tempo reais. E Jesus afirma que Abraão manteve o diálogo com o home sem nome – o rico. Se concluirmos que isso não ocorreu, isso não é uma estória – parábola, MAS SIM UMA MENTIRA PROFERIDA PELO SENHOR.

Isto sim está completamente em desacordo com as Escrituras.
Quem de entre vós me convence de pecado? E se vos digo a verdade, porque não credes? (Jo 8:46. comp. HB 4.15)
O que podemos aprender é que pessoas, em suas ilusões espirituais – conduzidas por sua própria carne, buscam nas Escrituras legitimar suas “orientações” de forma a satisfazer seus anseios e aflições religiosos.

Apenas Deus poderá, em sua infinita misericórdia e bondade, livrar essas das garras de satanás.