Como perdoar?

No link acima o autor faz uma série de considerações a respeito de perdão. E após sua leitura fiz este texto.
O conceito ou a experiência de perdão é algo completamente estranho à natureza humana, e para entendê-lo ou praticá-lo é necessário que o conheçamos fora dessa natureza, nesses termos jamais será um clichê.
É comum lermos pessoas, mesmo desconhecendo o que vem a ser perdão, oferecerem seus conhecimentos e experiências pessoais para lhe formular o conceito. Muitos, de boa-fé, pretendem-se verdadeiros, consoladores, e o que é mais perigoso, universais, entendendo haver resolvida a questão. Entretanto, o perdão, seja conceito, seja prática, encontra-se fora da categoria das reflexões ou experiências meramente humanas.
Sendo o perdão é um evento interpessoal, não será objeto da introspecção ou contemplação, muito menos definido nos protocolos da “sabedoria humana”, logo não será aprendido pelo uso de tais recursos.
O perdão precisa ser uma experiência determinada por “Alguém” fora do contexto de nossos pressupostos. Devemos conhecer e adotar o conceito DAQUELE que sabe todas as coisas, inclusive as profundezas de nosso coração.
Acho prudente trazer um conceito de perdão para orientar nosso entendimento:
“Ato pelo qual uma pessoa é desobrigada de cumprir o que era de seu dever ou obrigação por quem competia exigi-lo”.
Com esse conceito em mente seguiremos para verificar o que Deus afirma sobre a questão. Toda ofensa deve ser punida. A rigor, nos moldes que o concebemos, o perdão é um ato de injustiça por liberar o ofensor do pagamento – ou cobrança – que lhe é devido. Não se pode fazer desaparecer a existência da ofensa – nem é justo, muito menos natural.
Como perdoar? Ou melhor, como Deus perdoa? Sim, devemos partir de Deus para compreensão e prática o perdão.
As nossas ofensas contra Deus: idolatria, mentira, insensibilidade, ira, bebedices, blasfêmias nos tornam réus – devedores – diante do Criador e Mantenedor da vida. A consciência de quem nós somos, do que praticamos e de que O ofendemos garante essa condição. A mínima negligência nesta área nos manterá reclusos à escuridão dos “próprios conceitos”, definindo e vivendo “um perdão pessoal sem qualquer eficácia para nossas vidas… ou seja, apenas palavras soltas.
Sendo Deus justo e misericordioso, não poderia deixar de praticar sua justiça, ou seja, punir a ofensa. Contudo, Ele, por misericórdia, nos perdoa. E é importante sabermos que, estritamente, o perdão é um ato de justiça e não de amor.
Deus em sua justiça, puniu em seu Filho – com sua morte –  todas as minhas ofensas. Em sua misericórdia, me perdoou.  Foi necessário que alguém pagasse por minhas ofensas, alguém que JAMAIS O ofendera.
Como Cristo pagou cabalmente nossas ofensas, Ele JAMAIS nos cobrará pelas ofensas que cometemos contra Deus.
Nessa dimensão JAMAIS perdoaremos. Mas, compreendemos e experimentamos o REAL significado do perdão, por meio do arrependimento. Que é a consciência do mal que fizemos contra aquele que nos perdoou. Sem tal convicção não entenderemos a REAL experiência de perdão. Portanto, o perdão da parte do ofendido, exige o arrependimento por parte do ofensor.
E assim, nos sentimos gratos pela justiça e misericórdia de Deus. Esse sentimento de gratidão a Deus é nossa iniciativa em perdoar os outros, assim como fomos perdoados por Deus, deixando aos Seus cuidados o tratar das ofensas que sofremos.
Só saberemos o perdão, bem como o praticaremos em favor daqueles que nos ofenderam, quando nos sentirmos perdoados por Deus. Sabermos que O ofendemos e fomos por Ele perdoados. E que nenhuma ofensa que seja feita contra nós é maior que as ofensas que contra Ele praticamos.
Essa disposição interior de quem foi ofendido em benefício do ofensor é percorrida pelo caminho da gratidão e obediência ao Senhor, jamais pela ira ou senso de justiça pessoal.
Sem tais conhecimentos e experiências, os conceitos e verdades sobre perdão são apenas tentativas frustradas em dar significado àquilo que está fora de nossa compreensão. Esses sim, são apenas clichês.