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Mogi das Cruzes – Dez/12
Então falou Jesus às multidões e aos seus discípulos, dizendo: Na cadeira de Moisés se assentam os escribas e fariseus. Portanto, tudo o que vos disserem, isso fazei e observai; mas não façais conforme as suas obras; porque dizem e não praticam. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens; pois alargam os seus filactérios, e aumentam as franjas dos seus mantos; gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas, das saudações nas praças, e de serem chamados pelos homens: Rabi. (Mt 23:1-7)
O texto acima é bastante oportuno e própria para essa época de final de ano e a “natalidade” de Cristo. Quando os sentimentos são piedosos, a hipocrisia acha um campo vasto para manifestação.
Nele Jesus faz uma grande advertência contra a hipocrisia, contra os hipócritas. Antes de aprendermos com o Senhor, cheguemos à hipocrisia.
A palavra hipócrita é o resultado de duas outras: hipo (abaixo, pouco) e crises (escolha, definição), que pode sugerir a ideia de escolher ou definir-se como algo a que se abaixo, diferente do natural. Mas, há ainda outro significado para a palavra hipócrita, que era utilizada para qualificar o ofício de atores na antiga Grécia – aqueles que interpretavam ou viviam aquilo que não eram.
Ao longo da história passou a adjetivar pessoas falsas, fingidas. Pessoas que oferecem suas palavras – muitas delas boas – como guia de conduta, contudo não as pratica.
Daí a máxima da hipocrisia: “faça o que digo, mas não faça o que eu faço”.
É importante reconhecermos que a hipocrisia é inseparável do devaneio – insanidade. Toda hipocrisia autoriza e se fundamenta na sutileza do engano, pois esta estabelece livremente a estupidez dos demais.
A frase “faça o que digo, mas não faça o que eu faço”, mesmo ausente do texto, é analisada pelo Senhor, que oferece duas abordagens: a primeira sobre o ouvinte, e a segunda sobre autor.
Ele orienta aos ouvintes: “tudo o que vos disserem, isso fazei e observai”. Por reconhecer que há conhecimento e prudência nas palavras proferidas por aqueles homens – mesmo hipócritas – que se assentavam na cadeira de Moisés, ele diz para fazermos. Então o hipócrita não é de todo inútil, ele serve, pelo menos, para os outros, mas veremos que ele não serve para si mesmo.
Contudo, ao se referir aos autores das palavras ele diz: “mas não façais conforme as suas obras”. Desqualificando a conduta hipócrita dos falastrões. Mas, é ainda oportuno verificar quais as motivações da conduta hipócrita:
1. Pois atam fardos pesados e difíceis de suportar, e os põem aos ombros dos homens; mas eles mesmos nem com o dedo querem movê-los.
Necessitam criar dificuldades ou circunstâncias para que as pessoas sejam diminuídas. Gostam de mitificarem-se, de promover embaraços para os demais, coisas que eles mesmos não são capazes de conviver ou de superar.
2. Todas as suas obras eles fazem a fim de serem vistos pelos homens.
Todo o esforço feito é para serem notados, precisam da atenção de outros. Seja com o desagrado de alguns, seja para agrado de outros, façam as coisas para serem notados, vistos. Acreditam apenas e completamente na aparência exterior, assim, sempre estará vestido do traje da circunstância.
3. Gostam do primeiro lugar nos banquetes, das primeiras cadeiras nas sinagogas,
Definitivamente adoram a preeminência, os holofotes, o destaque. Longe estão da postura humilde, e quando assim se apresentam é para serem mais ainda notados.
4. E de serem chamados pelos homens: Rabi.
Por fim, gostam de ser reconhecidos como sábios, como necessários e fundamentados. Seu conhecimento está acima do conhecimento de todos. Só se une ao conhecimento do “outro” quando imprensado ou pela vantagem possível.
Assim, atentemos para o que falamos, cuidemos de fazê-lo, quanto aos hipócritas, cuidai para que suas insanidades não nos contaminem, mas atentai para aquilo que dizem.