Dons de Línguas em 1 Coríntios

AS CIRCUNSTÂNCIAS 

Paulo não se encontra na Igreja de Corinto (1 Co 5.3); obtém informações sobre as desordens que ocorriam na Igreja (11.18,33-34; 14.40). 
Está diante de um grande dilema: São dons de Deus ou pura carnalidade?
Pois, tem experiência a respeito do dom (At 19), e conhece também a realidade da Igreja (1.4-7, 11, 16, 26), que bem poderia expressar “dons” não vindos do Senhor (1 Co 12.1-3)
Assim, em sua resposta, não poderia proibir a prática do dom, por outro lado, pelos resultados – desordens, sabia que deveria interromper tais “manifestações”. 
Logo, devemos ler os textos de 1 Coríntios sobre tal enfoque: Paulo não questiona a existência do dom, contudo, o mantém associado aos ensinos do Livro de Atos. 
Assim, os capítulo de 12 a 14 contém instruções para que a Igreja em Corinto (1) possa validar as expressões e (2) e ponha em bom termo uso do dom. Era, pois, necessário a inibir os falsos dons (carnalidade), mas, ainda assim, conceder a liberdade de exercê-los. Tudo para restabelecer a ordem nas reuniões (11.34; 14.33, 40).
É importante rejeitar a sugestão (quase um devaneio) da existência de um dom de línguas no livro da Atos e “outro dom de línguas” no Livro de 1 Corinto.

O LIVRO DE ATOS E O DOM DE LÍNGUAS 

É adequado consolidar quais os ensinos que podem ser obtidos pelas experiências vividas com a vinda do Espírito e o dom de línguas. Não podemos esquecer que o evento principal foi a vinda do Espírito, sendo o dom apenas sua expressão.

O QUE FOI

Um sinal para os crentes judeus; 
O sinal da vinda do Espírito Santo prometido pelo Pai;
Percepção que incluiria além de judeus, também os gentios como povo de Deus  O Evangelho chegaria aos confins da terra. 

O QUE NÃO FOI

Não foi utilizado para evangelismo, ensino ou adoração; não foi concedido em resposta a pedido de oração ou algum tipo de consagração; não se repetiu. Ocorreu em grupos distintos: Judeus e prosélitos, samaritanos, Gentios, discípulos de João Batista. Não há indícios do dom ser manifestado repetidas vezes no Livro de Atos, mas que ocorreu apenas indicar que determinado grupo experimentava o ocorrido com os judeus crentes (At 2).

O ENCHIMENTO DO ESPÍRITO

As passagens em que claramente houve a manifestação do dom de línguas, temos que ficaram cheios do Espírito (2.4), mas as duas outras ocorrências não ocorrem o enchimento do Espírito (10.44-45) e (19.6). Assim, não é correto afirmar que o falar em línguas é uma expressão do enchimento do Espírito.  

I CORINTIOS CAP. 12

Paulo reafirma a veracidade e variedade de dons, mas estabelece um padrão:
(1) São úteis (1 Co 12.7);
(2) Edificação do corpo de Cristo – cuidado e unidade (1 Co 12.25),
(3) Servir aos outros e não para si mesmo (1 Co 12.28).

I CORINTIOS CAP. 13

Deve-se observar que o Apóstolo escreveu este capítulo para fundamentar e qualificar a prática da comunhão. A observação do amor, que em linhas gerais seria servir ao outro, dá sentido à comunhão, edificação do corpo… ao efetivo uso dos dons.

I CORINTIOS CAP. 14

Ao chegarmos neste capítulo devemos resgatar o que “aprendemos” no Livro de Atos.
As “LÍNGUAS” do Livro de Atos são idiomas (meramente humanos) e são confirmadas pelas orientações do Apóstolo. Verifique o que é dito:
Deveriam ser Palavras inteligíveis (9); existem NO MUNDO. Cita ainda o termo estrangeiro ou bárbaro (10-11, 18-19). E exige que as palavras devessem ter “entendimento” (16).

A “INTERPRETAÇÃO”

No Livro de Atos, o termo Interpretação não pode, nem poderia significar tradução. Na vinda do Espírito Santo, e a manifestação do dom, Pedro é questionado pelos “estrangeiros” que estavam em Jerusalém (At 2.7, 13), pois, ouviam aqueles nativos falarem em seus idiomas, sim, eles entendiam em suas próprias línguas nativas. Pedro, óbvio não precisaria traduzir, ele simplesmente deu “sentido ou significado” ao fato, associando-o à promessa do Pai. Traduzir negaria a natureza do dom. E, novamente ocorreu em Atos 11, quando no questionamento de sua ida à casa de Cornélio. Assim, devemos reafirmar que o dom de interpretação não é dom de tradução. Paulo não se utiliza da palavra tradução para se referir ao dom.  

EXIGÊNCIAS PARA PRÁTICA DO DOM DE LÍNGUAS

A carta exige o dom de interpretação (não é tradutor!!!); exige que haja edificação da Igreja (12-13), assim, sem interpretação o dom não deve ser manifestado, deveria a pessoa ficar calada (27, 28).
Objeta-se o caso de 1 Co 14.2. onde está escrito que falar em línguas, fala em mistérios, fala a Deus. Deve-se utilizar das orientações: Sem intérprete os mistérios não são de importância para Igreja… ficar calado. 
Afirmam outros que Paulo tinha o dom (14.18). 
Mesmo que o Apóstolo afirme sua capacidade, não há registro desse uso. E se a mente ficava infrutífera (14.14), Paulo preferia não o utilizar (14.19). É possível que Paulo utilizasse seu conhecimento e sua experiência para afirmar a falta de propósito do dom para uso contínuo na Igreja. Pois logo depois alerta para NÃO SERMOS MENINOS (14.20).

DEIXANDO A MENINICE… SÃO OU NÃO PARA OS INFIÉIS?

Paulo utiliza-se de uma profecia de Isaías para afirmar que as línguas, SIM, são para os infiéis (22), logo depois afirma que as línguas NÃO são para os infiéis (23). A exortação em direção à maturidade é entender que o dom nos planos de Deus visa a Israel, e que seu propósito. Que falará por meio de outros povos, e mesmo assim Israel não ouvirá o Senhor. contudo quando a igreja se reunir… falar em línguas soará como loucura. Pois o propósito para Igreja já se consumou… lá no Livro de Atos.

CONCLUSÃO 

O dom de línguas é real e concedido por Deus, trata-se de idiomas conhecidos, falado pelos povos da terra;
Foi dado como um sinal para os primeiros crentes, saídos do judaísmo, conforme a promessa do Pai; o que exigiu relacionar a manifestação à profecia (interpretação);
Portanto, o dom de línguas sem relacionar-se com o corpo das profecias, seria destituído de interesse para igreja, portanto deveria ser rejeitado. As línguas atuam e atuarão no plano das profecias – Missões (Mc 16.17) como um instrumento contra os judeus infiéis, pois mesmo assim não ouvirão o Senhor (1 Co 14.21). 

Perda de salvação

Precisamos entender a realidade que estamos envolvidos, assim chegaremos a uma conclusão adequada sobre a questão. Divido o tema em três partes.

Primeira. A realidade humana. A segunda, a capacidade humana e, terceira, a ação de Deus na dimensão de nos movemos. 

A primeira, a realidade humana, diz respeito a nós mesmos, ao que somos. Somos maus. As nossas intenções, interesses, egoísmos e escolhas provam isto. Caso questionemos, a morte funciona como um juiz, encerrando a todos, apresentando o pagamento de nossas virtudes. Esclarecendo o engano de quem pensamos ser. Evidencia que não conhecemos verdadeiramente a Deus. Não somos seus amigos, e outra vez a morte e a falta de esperança sobrevém como prova da nossa solidão, nossa separação de Deus. É portento, essa a realidade que estamos inseridos, quem de fato somos, vive-se sem Deus e sem esperança.

A segunda parte, refere-se à nossa capacidade de alterar tal realidade. Ou seja, poder de promover uma nova direção às nossas disposições interiores. Fazermo-nos bons, abrirmos mão do egoísmo, vencermos à morte. Ou seja, dar-nos uma nova natureza, alterar a própria vida em seus fundamentos essenciais.
Assim, como um leopardo não pode trocar suas pintas, tampouco um etíope mudar sua pele, precisamos de ajuda, ou nossa realidade permanecerá inalterada. Continuaremos reféns da morte, escravos de uma fé criada por nós mesmos, sem regras e sem esperança. Logo, somos incapazes de alterar nossa natureza, nosso interior, nossa mente.
Em nossa presunção, enganamo-nos ao adotar uma religião, nossas obras, nosso saber – atos de bondades, como garantia de favores diante de Deus.

A terceira parte, envolve a pessoa de Deus. É Ele quem, evidenciando seu infinito amor, se faz conhecer pelo pecador. A isso chamamos de novo nascimento. O que Jesus ensina no Evangelho de João, capítulo 3. Deus adentra aos negócios humanos, e em seu poder, chega ao pecador mortal, fazendo-se conhecer. Essa concessão de Deus confere ao pecador, antes refém de sua própria natureza, uma nova mente, transformando a distância de antes, em amizade de agora e eternamente.

E essa profunda e completa alteração da natureza humana, realizada por Deus e traz mudanças de caráter e conduta naquele que a experimentou. A salvação iniciada, a vida eterna que emerge e jamais acabará.

Surgem novos conceitos, a esperança tem fundamento, os valores, tais como egoísmo, mentiras, subterfúgios, os ilícitos passam por uma completa revisão. Aquela velha realidade é finda, sentimo-nos amigos de Deus, contamos com Ele em nossa vida diária, a oração tem destino e respostas. Lemos sua palavra, entendemos, ela é a verdade que faz sentido para nossa vida. Uma nova criação de Deus agora está nesse mundo.

Assim, tanto a mudança inicial realizada por Deus, em nosso interior, quanto seus resultados, são a salvação. Sim, essa profunda transformação é algo único, completo, que chamamos de salvação.

E, Deus afirma em sua palavra:

Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem as potestades, nem o presente, nem o porvir, Nem a altura, nem a profundidade, nem alguma outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor. (Romanos 8.38 e 39)

Logo a salvação não nos pertence, pertence a Deus. 

Temos os questionamentos: 

Quem poderia ou poderá fazer voltar atrás aquilo que Deus realizou? O homem? ou demônios?Como perder aquilo que não nos pertence, que pertence a Deus? 

O ENGODO: POR QUE JESUS DOBROU O LENÇO? (Jo 20.7)


Recebi um texto cujo título é “POR QUE JESUS DOBROU O LENÇO? ” Seu conteúdo faz referência a João 20:7. Que diz: “O lenço, que estivera sobre a cabeça de Jesus, não estava com os panos, mas enrolado num lugar à parte”. 

A intensão do autor é explicar o motivo pelo qual Jesus, depois de sua ressurreição, pegou o lenço que envolveu sua cabeça no sepulcro, pondo-o à parte. Para isto ele recorre ao que chama de “uma tradição Hebraica da época”. Entretanto, nenhuma fonte é fornecida, para garantir a existência de tal tradição. Busquei a fonte que validasse tal tradição, porém sem sucesso.

O contexto da “tradição Hebraica da época”, sugerida pelo autor, envolve uma refeição. Nela há, o amo, e seu servo, além de condutas, e símbolos. Tal tradição encerra-se com duas lições. Ambas se referem a forma com que o lenço é deixado sobre a mesa. São mensagens do Amo para seu servo. Se ficasse embolado sobre a mesa. Significava. Eu terminei. Porém, se o lenço fosse deixado ao lado do prato significava. Eu voltarei.    

Este significado, “Eu voltarei, é utilizado pelo autor do texto para explicar o cenário no interior do sepulcro, após a ressurreição de Jesus. Assim, a forma com que o lenço é deixado sobre a mesa, na tradição hebraica, dá significado à cena no interior do sepulcro. Ou seja, Jesus ao deixar o lenço à parte, no interior do sepulcro, procurava simbolicamente ensinar sua segunda vinda, de acordo com a tradição.

Mesmo sem evidências sobre tal, mas a aceitando. São vários os aspectos em que se percebe o engodo hermenêutico. Distorções e personalismos são adotados para criar formas ocultas e subliminares de chegar à verdade. Vejamos algumas das distorções presentes na explicação do texto bíblico.

O paralelo sugerido pelo autor une contextos adversos. Comparar uma refeição à morte ou ressureição, sem dúvida impõe ao texto o significado que o autor quer, e não o significado que o texto oferece naturalmente. É necessário sair das Escrituras, para artificialmente, encontrar o paralelo pretendido.

E sobre o texto original de João. Lá não diz que Jesus dobrou o lenço. Diz apenas que, o lenço foi enrolado, e deixado à parte. Não há como estabelecer um paralelo entre o cenário descrito no texto bíblico e na lição oferecida pela tal tradição hebraica.

Outra questão, sugerida pelo autor do texto, que foge completamente às Escrituras, é a relação entre servo e o amo, expostos na tradição. Jesus claramente já dissera aos seus discípulos, os mesmos que entraram no túmulo, que não eram servos, mas amigos. Veja, João 15:15. 


Ainda outro ponto estranho, é a “ ilustração oculta” proposta pelo texto.  Já que o lenço dobrado significa, “Eu voltarei! ”. Jesus ensinava sobre sua segunda vinda.  Não há  necessidade de tratar subliminarmente um ensino já consolidado.  Jesus já havia lhes garantido que voltaria. No Evangelho de João, capítulo 14. Jesus diz aos seus discípulos. Não os deixarei órfãos, voltarei. No Evangelho de Mateus, os discípulos perguntam sobre sua segunda vinda. Dois capítulos. 24 e 25, são dedicados a resposta dada. O que torna sem sentido, ensinar por meio de figuras, aquilo que havia sido feito ás claras.
Podemos concluir que tal interpretação é enganosa. Aproveita-se da fragilidade de nossas convicções. Seus métodos desviam-se dos métodos cristãos. De fato, são próprios das religiões de mistérios. O sucesso que faz em nosso meio, mostra a imaturidade e a autonomia religiosa que vivemos. Onde frases bem elaboradas e novidades tem poder para estabelecer uma nova verdade. Vemos que as pessoas estão ávidas por fazer das Escrituras o suporte para seus devaneios, fugindo do que o Senhor nos deixou escrito. 

Precisamos voltar à simplicidade de Cristo.

Autodeterminação – A suficiência humana

Este texto serve para reflexão sobre a autodeterminação humana e seus resultados. 

Devemos iniciar, reconhecendo que atribuímos a nós mesmos maior sabedoria, e discernimento que aos demais. Equivocadamente, colocamo-nos acima da faixa dos homens comuns. Tal percepção, enganosamente, não nos permite reconhecer, que o Panem et circenses mantém a todos entretidos.

Há um traço bem característico no comportamento humano… A autodeterminação.

O homem credita a si mesmo sua realização. Isto porque, há convicção que toda a sabedoria e discernimento existentes, se encontram no próprio homem. Esta suficiência, representa uma declaração da inexistência de Deus, e sua incapacidade de comunicar-se conosco.

Tal disposição, com aparência de poder e sabedoria, de fato, fundamenta e conduz a frustração humana. Podemos percebê-la, pois há uma linha padrão percorrendo nossa história.

Cada ciclo da vida é marcado pela chegada da verdade… A última verdade. Com ela, novos valores, e por eles, uma nova esperança. Impondo frustrações à geração que se retira.

Um novo ciclo virá da esperança caduca, pressionando com uma nova verdade, fazendo com que as referências, sejam lançadas fora. E esse ciclo se repetirá estabelecendo este padrão… última verdade, última esperança e frustração.

A sabedoria humana não percebe, mas é intrínseco da autodeterminação. Ela busca a última verdade, para esquecer a última frustração.

E cada geração repetirá a anterior… buscar, em si mesma, a verdade que acenda sua esperança.

Provérbio 14:16, diz assim… O sábio teme e desvia-se do mal, mas o tolo é arrogante e dá-se por seguro.   

O pecado herdado e o Catolicismo Romano


Para melhor percepção da ideia do título, precisamos entender o que revelam as Escrituras sobre o pecado. Através das Escrituras compreendemos que nele há duas dimensões: natureza e manifestação. 


Todo ato percebido tem por plano de fundo uma natureza específica. O voar encantador das aves é possível por uma natureza adequada ao voo, da mesma forma, os anfíbios são capazes de sobreviverem a meios tão diferentes, todos coerentes à sua natureza. Nenhuma aspiração há nos peixes para saírem da água e alçarem voos abandonando as águas, de mesma sorte, nenhum mamífero prescindirá do aleitamento… são heranças que impõem ordenamento e lógica à vida.


Essa relação de dependência que os comportamentos tem da natureza é regra indelével, característica do que conhecemos e também do que nos submetemos – naturalmente. 

Semelhantemente, herdamos a humanidade que carregamos de nossos ancestrais, de nossos pais. Somos humanos como eles o são ou o foram… e mortais como eles o são. Mesma natureza, mesmos atos provindos de uma mesma lei. 

Se beneficiados por sermos humanos, somos responsabilizados duplamente: pela natureza herdada e por sua manifestação – nossa vontade, intelecto e sentimentos são reféns de uma vida que é finita. Nada em nós é capaz de transformar essa realidade, não podemos nos libertar da natureza herdada. 

Nada que desejemos, façamos, pensemos, ou sintamos dissocia-nos da natureza herdada, que é nossa  identidade humana. Por sua vez, essa é o lacre genético que, diferenciando-nos de toda cadeia dos seres vivos, garante a perpetuidade da senda humana sobre esta terra. 


E o mal que em nós habita – exemplificado pela morte encravada em nosso história, invisivelmente está aninhado em nossa mente, em nosso coração, trazendo a inquietude própria do conflito entre a eternidade desejada e morte garantida.

Sem alternativas conhecidas, a fuga disponível recorre-se a mais uma mazela herdada: a religião dos nossos pais. Assim, além dos pecados que o pecado impõe, a religiosidade da mentira adaptou-se perfeitamente ao humano que herdamos. Aflitos em nosso íntimo, mas impávidos,  convivemos com a religião natural como se verdade fosse. 

Antes  de apresentarmos qualquer raio de discernimento, sob o gosto e preferência dos pais, herda-se uma religião. E, em grande escala, legado de ignorância e descaso para com as Escrituras. Da mesma forma, nos arraiais “evangélicos”, multiplicam os que herdam a Cristo apenas na carne, esses acostumam-se ao engano “em nome de Jesus”. 

Em grande maioria, em nosso país, nasce-se católico. Quando menos esperamos somos crismados, sequência de um batismo imemorial, então atravessamos uma série de absurdos racionais e religiosos: as múltiplas Marias, os múltiplos sacramentos, as confissões auriculares,  os inconclusivos estágios de uma falsa redenção passando por um purgatório – que valor teria a obra redentora de Cristo?; a promessa enganosa da oração dos santos a purificar-me a cada sete dias, as ladainhas e incensários – aparência de poder e sabedoria; os incontáveis e repetidos sacrifícios de Jesus nas profanas missas; da antropofagia religiosa cometida na hóstia consagrada (a quem?). 


Tais arranjos, com artimanhas e sutilezas,  garantem a prisão da alma e a liberdade moral para  o corpo. A migalha litúrgica oferece o suporte para o pecado contumaz. E o pecado convive candidamente com a falsidade católica, sem contudo, diluir as aflições da alma.

Heranças malditas do pecado acasaladas com as herança religiosa da tradição.

Nasci humano, e humano serei eternamente; trouxe a natureza do pecado e com ela permaneço, mesmo com a mente renovada pelo Senhor; nasci miserável, mas a soberana graça de Deus remiu-me eternamente… e um dia livre estarei das heranças humanas, para receber dAquele tudo que tem prometido. 
Graças eternas ao soberano Deus, que me amou, mesmo que em mim nada suscitasse tal favor.

O cristianismo assembleiano


“Por causa dessas passagens (At. 2, 8, 9, 10, 19) e de experiências pessoais, as Assembleias de Deus sustentam firmemente que o padrão bíblico do batismo no Espírito Santo é obra separada e posterior à salvação”.
(Nossas Doutrinas Básicas, Rio de Janeiro: CPAD, 1995, p. 11)
Uma passagem de olhos pelo texto acima mostra o aprofundamento da apostasia. É a  “unidade ecumênica” que mansamente – e irreversivelmente – inculca nas mentes e nos corações seus princípios e ideologia.

Notemos, no texto, que “passagens” e “experiências pessoais” “sustentam firmemente” o “padrão bíblico”.

O que deveria ser estarrecedor – mas não o é mais, pois, à semelhança das heresias romanistas, os assembleianos exaltam-se, “subiram acima das nuvens e tornaram-se semelhantes ao Altíssimo”. 

Colocam suas “experiências” na mesma estatura e autoridade da palavra do Senhor, e assim, particularmente, fundamentam seus dogmas, seus modelos, sua comunhão com o Senhor. 

Não mais imitadores de Deus, orientam uma nova perspectiva, adotaram a si mesmos –  homens – como referência e modelo, passando-se por “celestial”. 
É o homem tomando para si toda a terra.

Repete-se a palavra do Senhor, quando em primeva experiência, o homem tentou construir seu próprio caminho rumo ao céu: e isto é o que começam a fazer; agora não haverá restrição para tudo o que eles intentarem fazer. (Gn 11:6).
Sei que mais virá!
A despeito de tal cegueira e grosseria grassar pelos quatro cantos do mundo, é mister avaliá-la tomando por base as passagens em pauta e, abandonando quaisquer experiências – inclusive as minhas – que se postulem a autoridade suplementar das Sagradas Letras, chegar-se a um veredicto sobre tal questão.

Farei, tão logo quanto o Senhor permita.

Fora estarão os santos

“Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; E não toqueis nada imundo, E eu vos receberei;” (II Coríntios 6 : 17)

Algo comum às pessoas é a fé religiosa. Pelo menos deste lado do mundo todos, mesmo que em formas diferentes, divulgam – ou divagam – o tema.

O contato com pessoas desse mundo religioso faz experimentar o discurso inflamado destes em defesa de sua fé. São pessoas de vários credos: católicos, evangélicos, espiritualistas e demais heréticos que afirmam possuir fé superior.

Afirmam que a “fé as mantém, e que é um poder de dentro delas”. Para tanto, recorrem, principalmente, às suas obras, suas conquistas, seus pastores, seus líderes, seus padres, sua igreja como evidência de fé, e já incluem, Cristo.

Não há dúvida que fé é um poder, muito menos que ela ajuda em todas as horas. Mas ao citarem que é de dentro delas, do interior, definitivamente, atribuem ao homem sua origem e natureza. Criaram um ambiente de crença com um deus qualquer como objeto e um cristo sem cruz por posse.

Aí reside a força motora da religiosidade que subverteu o cristianismo bíblico. Por meio dela multiplicam-se as manifestações superficiais e inúteis desta fé.
O acesso a esse poder ocorre pela simples adoção de uma plataforma religiosa, ingresso em um grupo, ou mesmo a herança dos pais. E isto é fortalecido pela disposição mental dominante que tudo avalia contemplando apenas os resultados. Assim, pelos testemunhos de prosperidade, curas, revisões conjugais, abandono disso e daquilo, garante-se um deus qualquer, promulga-se a fé ideal. Sem passar pela cruz do Senhor.
Como filhos das trevas, essa fé em nada os constrange, são livres para mentir, para o pecado, para o engano dos púlpitos – que passou a ser negócio. Livres para crerem naquilo que desejarem.
Tive oportunidade de assistir na televisão a liberdade da fé apóstata. Espíritas da LBV com Bíblia aberta falando o impensável do Livro de Apocalipse, também padres em frivolidade infalível fazendo arremedos sobre as Escrituras. Legitimaram a incosistência das Escrituras, cada um fala a sua aberração com ar de sabedoria. Isso os tranforma, mesmo na diversidade, num bloco sólido indestrutível… por mãos humanas. Pois, na falta de regras que lhes dá “vida”, há a tolerância e permissividade necessárias para sua unidade. São multidões sob o espírito do engano. Mensageiros das trevas.
Essa fé que se multiplica em cada esquina, é nova e rebelde. Não reserva a preservação da alma, a santificação do Altíssimo. Projeta-se para além das Escrituras, acima do temor ao Senhor.  Escolheram o peso de seu próprio jugo ao suave jugo do Senhor.
São bem-vindos os homossexuais, os políticos, idólatras, roubadores, maldizentes, os tímidos, e os incrédulos, e os abomináveis, e os homicidas, e os fornicadores, e os feiticeiros, e os idólatras e todos os mentirosos. Sem a cruz do Senhor.
Fora estarão os santos. Não podemos com os vendilhões do templo, Ele os expulsará.
Grande em bondade e misericórdia é o nosso Deus.

A Ele honra, louvor e glória de eternidade a eternidade.

A apostasia subiu além das nuvens

Em minha época de estudante de Teologia havia algo muito característico entre alguns de nós: as “novidades” teológicas. Na realidade, não eram novidades para os mais experimentados, mas para nós, alunos iniciantes, sim eram novidades.

Estávamos sempre prontos para discutir e defender posições. Participar daquele processo fez desenvolver a capacidade de aceitar a confrontação e formar a mente teológica de muitos.

Era comum naqueles torneios encontrar defensores – muitos eram crentes mesmo – de posições sem se submeterem ao crivo criterioso da Hermenêutica. Raramente o coração estudantil permitia-se ao Espírito de Deus conduzi-lo à verdade. Em regra geral os desvios doutrinários provinham da aplicação de métodos inconsistentes utilizados na abordagem dos textos sagrados.
Refutávamos o humanismo arminiano, a aniquilação pós morte, a descida de Cristo ao inferno e outras modas com a leitura compartilhada de textos. Comparando coisas espirituais com coisas espirituais. O problema nunca esteve no texto, na verdade do Senhor, mas sim, no coração do jovem herege e nas nossas deficiências pessoais em exaltar o Altíssimo na grandeza devida.
Tudo fazíamos em nome da preservação da sã doutrina e dos conselhos eternos do nosso Deus. Vivia-se intensamente as delícias das Escrituras na companhia dos santos: Owen, Puritanos, Ryle, Pentecost, Hoekema, Spurgeon, Pink. L. Jones, Berkof, Tozer e tantos outros.

Hoje, passados alguns anos, minha deficiência em exaltar o Altíssimo na dimensão devida permanece. Como também a questão do método continua, e fornece toda a lenha para movimentação e crescimento da apostasia.



Ferve na veia apóstata o fulgor das conquistas, o encanto desmedido, as paixões malditas. Não há inocência da parte deles, satanicamente desenvolvem suas doutrinas em oposição ao nosso Deus.


Deste coração em trevas apto a exaltação pessoal, movido pela arrogância e ambição, fluem as intenções de aproximação do Senhor, e como satanás, tramam ser semelhantes ao Altíssimo.


A licitude vem da autonomia dos pensamentos, das obscuras intenções à revelia do Santo.

“Subirei sobre as alturas das nuvens, e serei semelhante ao Altíssimo.” (Isaías 14:14)



Subiram, e subirão ainda mais, além das nuvens do mundanismo, do secularismo, do pecado…


O Senhor conhece todas as coisas e sua justiça inundará toda a terra.

“Como caíste desde o céu, ó estrela da manhã, filha da alva! Como foste cortado por terra, tu que debilitavas as nações!” (Isaías 14:12)



A Ele honra, glória e louvor de eternidade a eternidade.

Reféns da morte

A realidade nos insinua advertências que, pelos nossos propósitos e ambições, temos demonstrado não atentar para elas. Esta não-percepção dos valores que nos circundam mostra, de um lado, que somos soberbos, por fazermos uma avaliação inadequada de quem somos, por outro, ignorantes, por desprezarmos tais ensinos. Esta dupla característica, falsamente, nos sugere fortes, senhores, quase eternos.
Desprezamos o ensino do nosso dia-a-dia: a presença constante das separações, das perdas. A cada escolha feita separamo-nos de outras possibilidades, abrimos mão daquilo que julgamos desnecessário, sem importância.

 
A vida tem repetido sua imperiosa ação quando somos lançados – sem escolha – para o interior de uma nova dimensão, despedindo-nos daquilo que julgávamos definitivo, ou pelo menos mais duradouro. Em nossa infância, éramos senhores em nossos lares. De repente encontramo-nos fora dele, seguimos em frente… na adolescência, livres, pensávamos senhores de todas as coisas. Muito foi deixado para trás: perdemos o ontem, o aconchego do carinho de nossa mãe, os sentimentos mais singelos, esquecemos nossos amores, foram tantas as advertências. Mal olhamos para elas, as perdas impostas formam as sendas desta vida.


De onde brota tal descaso? Do engano que alvoroça nossos corações? da falta de humildade que conduz nossa sabedoria?


A vida, em sua particularidade e singeleza, tem nos mostrado ser um processo constante de escolhas e predas. O inexorável se agiganta diante de todos nós: Um dia todos nós nos despediremos uns dos outros. Simplesmente, perderemos nossos pais, nossos amigos, nossos irmãos, até nossos filhos, perderemos tudo aquilo que pulsa junto com a nossa vida, que nos faz sorrir, que nos dá prazer, e por fim, perderemos a própria vida. Seremos lançados à eternidade, e de lá nada mais poderemos recuperar.


A negar tais argumentos, é mais uma vez oferecer “a ilusão” como norma da razão, e se separar, em definitivo, da possibilidade de compreender a realidade humana. Os sofismas da religião meramente humana – reencarnação, purgatório, obras, filantropias etc. – tentam obscurecer o pragmatismo da morte. Esta realidade considerada em sua força e imprevisibilidade compromete a fortaleza humana, revestindo a todos da finitude tão indesejada, da fugacidade tão desdita. É, sem dúvida, o maior confronto oferecido pela vida. Mas a eternidade se avizinha, e com ela a separação. A noite comunica ao dia para que mantenhamos a prontidão.


Há alguma escolha a ser feita que nos permita fugir deste roteiro tão perverso? Podemos estar eternamente junto às pessoas que amamos? Nenhuma religião afirmará com segurança que sim.


Em Cristo Jesus, o Senhor de todo o universo, o autor e mantenedor da vida, Nele podemos dizer que sim. Entrega teu caminho ao Senhor, confia nele e que as demais coisas Ele fará.
É Ele, e ninguém mais, que dá tal confiança: “a morte não tem poder sobre os que crêem”.



Bendito seja Nosso Deus e Salvador.


A Ele honra, glória e louvor de eternidade a eternidade




Natal de 2003.

Não acredito em milagres e ponto final.

Certa vez, em Fortaleza, me deparei com jovem professor que abruptamente me falou: “Não acredito em milagres”. O assunto que tratávamos, até então, era a respeito do poder de Deus. E isto, o incomodou sobremaneira, e notei que sua reação foi explosiva. 
Voltara-se  com toda indignação para expressar sua rejeição ao poder real de intervenção Deus nas coisas deste mundo. Sua revolta, contudo, tinha um significado claro: fugir das virtudes do Deus das Escrituras.

 
Passado alguns anos, percebo-o como a muitos outros, pronto para reagir contra todo testemunho que sugira a existência de um ser pessoal, o qual tenha se comunicado proposicionalmente com os homens. E que tal fato, tenha sido registrado e preservado durante os séculos: A Bíblia Sagrada, que hoje temos.



Há uma profusão de textos em todos os lugares expressando a ira dos homens contra Deus. São artigos de filósofos, escritores, cronistas, cientistas e até de religiosos. Muitos desses, quase em sua totalidade, desconhecem completamente a revelação. Sem escrutínio honesto, produzem de suas próprias mentes dúvidas irônicas, conceitos dúbios, acrescentam-lhes significados, tudo mantido por uma disposição interior de ser contra tudo que se chama Deus. Há, neste sentido, um arranjo coletivo. A simples possibilidade da discussão sobre a existência do Deus da Bíblia produz-lhes ira, sentimentos de aversão, ofensas pessoais e até histeria.

Quando se permitem ao questionamento, asseveram que não há lógica, nem ordenamento nos argumentos e conclusões que levam a existência de Deus. Alegam que sua existência só pode ser provada se submetida ao rigor científico. É difícil precisar o que querem dizer com isto. Não se espera que a existência de Deus seja definida em um laboratório, ou pelo simples vagar das mentes humanas. Afirmam, ainda, que a fé em Deus é um salto para além da lógica, um salto no escuro. Possivelmente, para além da lógica deles. Cremos em um Deus que entrou na história humana – no tempo e no espaço; como não tem lógica?
É lógico que Deus, em sua soberania, se revele – se dê a conhecer – a quem o queira; e que a natureza deste relacionamento se encontra, consequentemente, fora da percepção natural do homem. Como não tem lógica Deus ser transcendente e imanente ao mesmo tempo?.
Contemple o que o Senhor diz:“Por que se amotinam as nações, e os povos tramam em vão? Os reis da terra se levantam, e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor e contra o seu ungido, dizendo: Rompamos as suas ataduras, e sacudamos de nós as suas cordas. Aquele que está sentado nos céus se rirá; o Senhor zombará deles”.

Desconsiderar a possibilidade de milagres, significa estreitar o universo de possibilidades. Na premissa deles, Deus, para existir, precisa estar exclusivamente na esfera dos negócios terrenos, objeto perceptível dos instrumentos da aferição humana – apenas imanente. Ou seja, o Deus a ser provado, segundo eles, não pode ser o Deus das Escrituras – que também é transcendente. O deus que eles buscam provar é o deus do folclore nacional: saci perêrê, mapinguari etc. O deus dos fenômenos naturais… deus que não é Deus.
A premissa implica na exclusão da possibilidade da existência de Deus, do Deus que se revelou aos homens; rejeitando a verdade, esquadrinham a mentira para achar um deus adequado às suas inferências. Por que não lhes basta a ação de Deus na história humana: a transformação das vidas de Paulo, Pedro; na preservação do povo judeu; nas profecias cumpridas etc.?

Escrevo o texto sem qualquer ressentimento, ou necessidade de controvérsia com aqueles que despendem sua energia nesse torneio. Escrevo para mentes cristãs, para que percebam que os argumentos que envolvem este tema são espraiados em sentimentos de rebeldia, de deconhecimento, de desesperança. Por outro lado, é preciso resgatar valores que têm sido lançados fora pela usura neo-evangélica. Precisamos com urgência retornarmos à defesa da fé – doutrinas – que de uma vez por todas foi entregue aos santos”. E ainda, “devemos estar sempre prontos para responder a todo aquele que pedir a razão da esperança que há em nós”.

Os dircursos contrários ao Senhor e a própria revolta do jovem professor, outrora, foram os meus argumentos. Quando, hoje, os leio, volta em minha mente e em meu coração quem um dia fui. O testemunho das Escrituras tipifica: “por natureza filho da ira como os demais e andava segundo o curso deste mundo, sem esperança, sem Deus”. Isto fundamentava e alimentava minha argumentação contra o Senhor, era, na realidade, a expressão dos meus temores, da minha falta de paz, da solidão incurável da minha alma, da minha soberba e ignorância.

Mas, em sua bondade e amor, e nada que tenha feito para ser objeto de tamanha misericórdia, Ele me chamou: “Vinde a mim, todos os que estai cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para as vossas almas”.

Volto a questionar: De onde vem tanta aversão ao Deus das Escrituras? Por que a insurreição? A resposta soa em meus ouvidos: vem do cansaço e solidão das suas almas, do choro contido da desesperança, da própria existência… sem Deus.


A Ti, soberano Deus, toda honra, toda glória, todo o louvor, pois só Tu és Deus.

Oro a Ti, Senhor, que em tua misericórdia, abra os olhos destes para que percebam quem realmente são, e assim, conheçam a Ti, e saibam só Tu és Senhor.