Saulo e Silas (o malafaia)

Há personalidades na Escritura que muito nos ajudam a compreender a nós mesmos e ao momento que vivemos.

Há um personagem sobremodo significativo para compreender o mundo “evangélico”: Saulo. 

Homem que colocava seu esforço, suas obras como diferencial e qualificador religiosos. Zeloso segundo suas convicções e de muita sabedoria, afirmava em seu interior sua distinção dentre os demais (Enganava-se, contudo!).
De respeitabilidade inquestionável, a ponto de ser autorizado para representar o sacerdócio judaico em terras distantes (Damasco).

Seus arroubos em defesa de “sua fé” levava-o aos poderosos da época, garantindo-lhe a soberba necessária para sentir-se “superior aos demais”.  
Assim, era Saulo, um homem em combate aos seus algozes.

Deus, em sua misericórdia e bondade, revelou-se-Lhe, mudando para sempre suas convicções e valores. 

(Ninguém, com saúde mental, pode atribuir o desfecho do episódio, em qualquer grau, ao desejo de Saulo, senão a absoluta, poderosa e solitária graça do Senhor, em transportá-lo do reino das trevas para o reino de luz de seu FILHO).

Saulo em sua bravata religiosa não conhecia aquele a quem julgava defender, o Senhor. 

Travestidos de obreiros do Senhor, abundam Saulos. 
Os passos de Saulo caminharam em direção a Paulo.

Silas, o malafaia, se apresenta como um verdadeiro Saulo.
Em que direção seguem os passos de Silas, o malafaia?

Rasguemos o Velho Testamento!

Uma característica danosa para a mensagem do Evangelho é tomar os exemplos vividos pelos personagens bíblicos, animais etc. e a partir deles construir-se uma verdade, um padrão ou regra de conduta para Igreja do Senhor, sem que tenhamos um princípio ou fundamento bíblico como garantia. 

Extingui-se o Espírito e em seu lugar sobrevém a fertilidade e futilidade da mente e anseios dos mensageiros desses últimos dias.  

As igrejas por meio de seus pregadores cada vez mais lançam mão dos eventos descritos no Velho Testamento e sem regras ou fundamentos pavimentam suas doutrinas e estranhezas (ambições e usuras). 

Alargam a fronteira do “real” para toda área de interesse. Tornam o texto das Escrituras refém de seus desejos e caprichos, e o fazem sem qualquer inocência.  

Tudo é possível de ser alegorizado. A alegoria, é muitas vezes uma forma fantasiosa e muitas vezes surreal de entender as Escrituras. Atribuir um significado às palavras da Escritura que subjaz ao texto exige que a Escritura fundamente por outra passagens. 
É um padrão religioso dos nossos dias adotá-lo e com toda violência assaltam a Hermenêutica;.


Não raro transformam jumentas em doenças, em “maldições”; os gafanhotos tornam-se demônios; água, bem, a água pode ser dinheiro, pode ser prosperidade, revelação de Deus, ou qualquer outra coisa que caiba na “ápice da prédica”.

A roupa de Jesus passa a ser de luxo, seu jumento uma camionete de luxo, seus discípulos agenciadores e um mundo de absurdos é criado e visto pelo mundo como o “evangelho de Cristo”.

Lançam à lama toda a verdade da Palavra de Deus, seus desígnios santos são mundanizados pela liberdade alegórica, que realiza o contorcionismo necessário para promover, excitação, rumores, suores e sorrisos dos ouvintes.

Não é sem justificativa, pois as pessoas que vociferam dos púlpitos são homens que passam o dia negociando, apurando lucros, definindo metas, e que ao fim de sua jornada de trabalho tem como compromisso noturno encontrar novos negócios. Portanto, a alegoria nutre sua insanidade permitindo-lhes fazer das escrituras seu grande negócio. 

Não é sem razão que os assuntos “em nome do Senhor” são tão distantes e impossíveis de escrutínio… e outra consequência dramática é o abandono do estudo das Escrituras de forma sistemática e natural.

Vituperam as Escrituras, e em nome de si mesmos constroem seus destinos. 

Se eles fossem sábios, entenderiam isso, e atentariam para o seu fim! 

(Dt 32:29)

Vale a pena confiar sem avaliar?


Tem se tornado cada vez mais tênue a linha que separa a religião da religiosidade, ou seja, a religião espiritual da religião natural. Enquanto aquela tem sua origem fora do homem, esta é produto da mente humana.

Tenho tentado alertar às pessoas a respeito dessa área de intercessão existente entre a religião e a religiosidade.  

É demasiadamente complexo, e muitas vezes sutil, definir regras ou princípios que ofereçam ou permitam que as pessoas percebam o engano que lhes é oferecido em bandejas de simpatias, poder e vantagens como se “verdades divinas” fossem. 

Essas práticas e conceitos, como muitos insistem em pensar, são coisas sem relevância, que não afetam a vida das pessoas, estão fora do interesse prático diário, são apenas escolhas “religiosas”, assim cada um pode ter a sua que “se bem não faz, mal também não fará”.

Pelo contrário, elas são cruciais para definição de onde estaremos por toda eternidade – que é um tempo muito grande para dele não fazermos caso. Pois, um dia todos nós lá estaremos. 

Vale a pena confiar no próprio coração, sem avaliar questões tão possíveis de serem avaliadas?

Assim, me permito a relacionar aquilo que é mais saliente na religião natural, na religião sem Deus, mas paramentada como se o fosse.

  • 1.  Tudo é igual. Exalando sabedoria muitas pessoas afirmam que as diferenças são apenas  sofismas, um meio de gerar divisão, “coisa de quem não tem o que fazer”. Esta é uma característica marcante de quem professa ou ensaia passos religiosos, ou mesmo, quem se julga acima das verdades eternas. Logo, não há investigação, não há questionamento, tudo é igual, sem diferenças, perde-se a a possibilidade de encontrar a verdade única. 
  • 2.    Próprios conceitos. Adquiriram, acostumaram-se a formular para si mesmos os conceitos próprios do seu mundo religioso. Conceitos tais como: redenção, unção, perdão, amor, louvor etc. foram revestidos de personalismo com toda independência histórica e gramatical dos termos. Alinharam-se confortavelmente em suas verdades, passando, a partir de conceitos completamente distorcidos e humanistas, reconstruir uma “nova verdade”. Alimentando sua liberdade e conveniência, tornando-se, eles os próprios, autores e instância final da moral e da verdade.
  • 3.  A unidade pretendida. O amor, segundo esses, é a base da unidade. Fundem  amor e liberalidade fazendo-os um único. E como se a verdade eterna fosse avaliada por sua aceitação (quantidade) e não por sua natureza (qualidade), reproduzem a pleno pulmões: “Há mais a nos unir que a nos separar”. O prazer e bem-estar (que eles chamam de amor) é a força motora que unirá os povos, e isso implica em respeito o prazer de todos. Assim, todos seremos um. 
  • 4.  Ídolos. Outra característica marcante  da religião natural é sua necessidade de apoiar-se aqui no mundo, na realidade tangível. Suas referências estão em pessoas, templos, locais que estão acima de todas as pessoas, de todos os demais templos e que só existem naquele local. Costumam a citar seus pastores  seus padres, líderes ou teólogos, como homens de Deus – colocando-os acima dos demais homens. O templo em que costumam frequentar são marcados pela presença de Deus como nenhum outro. E as cidades onde Deus “opera” é Jerusalém, Lourdes, Fátima, Aparecida etc.
  • 5.  Não sabem identificar quem é Deus. Uma das características mais marcantes da religiosidade natural é a incapacidade de estabelecer quem é Deus. Brotando as mais engenhosas caricaturas conceituais de Deus: “um ser de luz”, “alguém lá em cima”, “tudo”, “está em meu coração”, “razão das minhas vitórias” etc.
  • 6.   Ênfase aos ritos. Ainda o desdobramento da idolatria, os que professam essa religião natural são acentuadamente ritualistas, apesar de não entenderem os rituais e seus propósitos. Acreditam que por meio de ritos cumprem obrigações que de outra forma os faria incompletos. Batizam, crismam, casam, participam de correntes, excursões à terra santa, acampamentos de libertação, sorvem da genuína água espiritual etc.  A hóstia consagrada, a água benta, o escapulário, o crucifixo, missa, saída de purgatório etc.
Nenhuma dessas características emanam da mente do Senhor Deus, todas elas são produto do coração humano, portanto, enganosas e mortais. 

A eternidade é um tempo muito grande para dele não fazermos caso… e um dia todos nós lá estaremos. 

                         Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o poderá conhecer? (Jr 17:9)