Epicureus de nossos dias

A pesquisa frutífera e reconfortante das Escrituras exige encontrar os verdadeiros conselhos e o caráter de Deus. Longe de ser uma capacidade inata do homem, há a ação do Espírito Santo que nos permite construir com segurança uma perspectiva mental como padrão e princípio para nos conduzir à verdade. E como consequência a quietude de nossa impropriedade diante de Deus.

Quanto mais distante estamos dessa disposição mental, mais riscos corremos em chegar às “verdades pessoais”, acreditando ser o que Deus falou, concebendo em seu caráter fragilidades próprias da criatura.

A falácia da autonomia humana tem fortalecido um novo ânimo impelindo as criaturas a oporem-se à natureza espiritual. Paira sobre esta geração um ar humanista permitindo-lhes tudo. Forjaram a “aparição” de um deus social, deus de negócios e lazer criado a imagem e semelhança do homem.

Que pese agradar às multidões e ofereça simpatia, não é esse Deus que se revelou nas Escrituras, tampouco o que veio ao mundo para salvar pecadores.

Assim, não se conhecerá a verdade libertadora, o que lhes custará grande preço a ser – e será – pago.

A nova igreja cansou-se das promessas do Senhor, elevou seu estandarte renovador e proclama: Estou rica está, de nada sinto falta. Acomodou-se ao mundo e saiu para conquistá-lo para si mesma.

Sacerdotalista em sua forma mais irreverente e perversa, criou seus ídolos. Entrou nos negócios desta vida – mercado, sociedade, política, misticismo, entretenimento. A justa medida do aniquilamento da verdade cristã (a perversão do caráter de Deus).

Na prática costurou-se (remendou-se) novamente o véu, descontinuando o a obra do Senhor, retornou ao culto de si mesma.

Nem o Pai, nem o Filho e nem o Espírito tem “utilidade”.

Quão alto preço pagará!

Eu ou deus?


Tenho observado que muitos buscam e encontram nas Escrituras aquilo que bem desejam seus corações. E desta feita, arrancam de lá toda sorte de arranjo e, principalmente, deparam-se com um deus caricato, disposto e refém de sandices e desejos do leitor.

O novo nascimento necessário ao aparelhamento mental do crente implica no esvaziamento das crendices e misticismos que outrora orientava nossas paixões e convicções. (isso no tempo da ignorância).

Ocorre que essa geração – vazia – é movida pela avidez do reconhecimento, da autopromoção. Não há satisfação na glória de conhecer o Senhor, precisa-se da ribalta oferecida pelas redes sociais. O palco da idiotia abre seus braços para acalmar as almas sem esperança.

Estamos encantados (e ansiosos) pela oferta da serpente: “Te darei todas as glórias desse mundo se prostrado…”.

Contradizendo o Senhor que afirma: “O escriba versado retira coisas novas e velhas de seu tesouro”. Para esses, o tesouro é próprio coração, fonte da verdade última, dele tira-se coisas novas e velhas.

A manifestação do coração, achando-se sábia, desfila sem restrições pelos painéis virtuais da autopromoção.

Já não há busca sincera pelo verdadeiro Senhor. Abandonou-se a disposição mental que, em humilhação, chega aos textos sagrados ansiando pelo Senhor de toda sua glória.